Descobertas do Mês – Setembro 22

Olá! Esta á minha lista das Descobertas do Mês de Setembro. Se você não viu a lista de Agosto, clique aqui.

O que é? Uma curadoria de produtos industrializados elaborada por mim. Para fins didáticos, adotei um modelo de classificação no estilo farol com listas verde, amarela e vermelha. Batizei-as respectivamente de: bota no carrinho, valeu a intenção e deixa na prateleira.

De onde veio a ideia? Da vontade de ensinar quais critérios utilizo ao escolher alimentos industrializados. Hesitei ao iniciar esse projeto no início de 2021, pois meu principal objetivo não é endossar ou criticar marcas específicas, mas ensinar as pessoas a fazerem suas próprias escolhas. No entanto, reconheço que, ao mostrar exemplos de produtos reais que vejo no mercado, também facilito a compreensão do público. 

Quais critérios utilizo para a classificação? Tendo em vista que low carb não é um termo oficialmente regulamentado, torna-se algo subjetivo para o consumidor. Também vejo que os próprios fabricantes frequentemente se equivocam ao rotular alimentos como low carb. Quantidade de carboidrato por porção é algo que sempre observo, mas, além disso, a qualidade dos ingredientes também importa para que eu decida levar um produto pra casa. Em cada exemplo, detalho quais critérios utilizo, explicando o porquê. 

Atenção! Os produtos mencionados não são necessariamente lançamentos. São exemplos que cruzaram meu caminho e seleciono cuidadosamente para ilustrar explicações. Também não quer dizer que se uma marca aparecer na lista vermelha não possa ter outro de seus produtos nas listas verde ou amarela em algum momento. As avaliações são 100% isentas, pois nenhum conteúdo é patrocinado.

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BOTA NO CARRINHO

SHOYU (DAIMARU)

Lista de ingredientes: Soja, milho e sal. NÃO CONTÉM GLUTEN.

Por que eu boto no carrinho? É um dos poucos molhos shoyu vendidos no Brasil sem adição de ingredientes desnecessários, apresentando quantidade irrelevante de carboidratos por porção. Produto da fermentação natural de soja e milho, e já vou explicar porque, neste caso, o fato de a fermentação ser natural importa. O leitor desavisado pode pensar: “soja e milho têm carboidratos!”. Sim, mas a palavra-chave neste contexto é fermentação. Os carboidratos são o substrato desse processo, através do qual as leveduras consomem sua maior parte, resultando num produto com aromas naturais complexos que não precisa ser corrigido com aditivos. Isso é o contrário do que ocorre com a maioria dos produtos desta categoria, obtidos através de hidrolização química, processo mais rápido e barato. Nesse caso, o resultado sensorial precisa ser melhorado com adição de corantes, aromatizantes e outros ingredientes que, além de trazerem um sabor sintético, comprometem o perfil nutricional. A maioria dos shoyus populares contém realçador de sabor, açúcar e xarope de glicose – não queremos, obrigada. Então, guarde esta dica e aproveite para comer tranquilamente seu sashimi ou sushi de arroz de couve-flor.

Bota no carrinho!

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CHICABON ZERO (KIBON, UNILEVER)

Lista de ingredientes: água, fibra de milho, óleo vegetal, soro de leite, leite em pó desnatado, cacau, extrato de malte concentrado, sal, edulcorantes sorbitol e sucralose, estabilizantes gelatina, goma guar e goma jataí, regulador de acidez bicarbonato de sódio, emulsificante mono e diglicerídeos de ácidos graxos e aromatizante.

Por que eu boto no carrinho? Primeiramente, porque não contém mesmo nenhum amido, nem açúcar escondido. Logo que fui avisada do lançamento desse produto, anos atrás, questionei o fabricante quanto à fibra de milho, segundo ingrediente. Meu receio é que se tratasse de IMO (isomalto-oligossacarídeo, um carboidrato com importante impacto glicêmico, falamos dele aqui). O fabricante não esclareceu isso, mas pelos relatos de quem testou, o impacto glicêmico foi pequeno. E o óleo vegetal? Não é o ideal, mas não vejo problema em seu consumo eventual, caso contrário, jamais poderia comer algo fora de casa. Edulcorantes sorbitol e sucralose: ótimo (se quiser saber mais sobre eles e ver as referências científicas, consulte o guia de adoçantes). Enfim, é um alimento feito de comida de verdade? Não. Tenho uma receita de Chicabon proteico nos meus destaques “sorvete” do Instagram. Ela é nutricionalmente melhor e também mais gostosa. Contudo, para um ultraprocessado feito em larga escala, considero uma boa alternativa. Contém 13g de carboidrato na unidade de 63g, mas observe que dos 13g apenas 2,9g são açúcares, o restante é majoritariamente sorbitol.

Bota no carrinho (pra consumir com moderação).

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VALEU A INTENÇÃO

BARRA DE PROTEÍNA (BOLD)

Por que a intenção pode ser boa, mas não gosto tanto? É uma barra de proteína que contém mais carboidratos e gordura que proteína. Ensino como calcular a relação proteína/energia aqui nesta postagem. O segundo ingrediente é maltitol – aquele poliol com impacto glicêmico importante. Falamos dos detalhes dele com referências bibliográficas no guia de adoçantes. E tem bastante poliol mesmo! Veja que em cada barrinha de 60g, 19g são carboidratos, dos quais 3g são açúcares: a diferença é praticamente tudo maltitol. Além disso, temos vários outros componentes duvidosos cujas listas de ingredientes desconhecemos: caramelo de chocolate? Chocolate branco diet? Biscoito sem glúten? Crispie proteico? Tudo isso é feito de quê? Enfim, existem barrinhas piores que esta? Muitas. Por isso, apesar de tantas ressalvas, resolvi classificar esta na lista amarela. Existem melhores? Sim, mas é bem raro no Brasil.

Pessoalmente, prefiro comer ovo cozido, a melhor barrinha de proteína que existe.

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DEIXA NA PRATELEIRA

CHOCOLATE EM PÓ 70% CACAU (MÃE TERRA)

Lista de ingredientes: Cacau em pó e açúcar demerara.

Por que eu deixo na prateleira? Excelente exemplo de algo que abomino: a falácia naturalista. Com cara de saudável e orgulho de dizer “apenas dois ingredientes”, a embalagem ainda alega “sem pozinhos artificiais” – o que quer que isso signifique. O açúcar é demerara! O que, na prática, significa nada. Nem tudo que é natural é bom, esse é só mais um tipo de açúcar. Não se engane pensando que por ser demerara é melhor, o impacto glicêmico será o mesmo. O produto é 70% cacau, algo que o consumidor já aprendeu a reconhecer como positivo na categoria chocolates. Só que, comprando isso, você está pagando preço de cacau em pó por algo que vem misturado com 30% de açúcar (ingrediente barato). Observe na tabela nutricional que quase metade da porção é carboidrato. Quer adoçar seu cacau? Compre um pó 100% e use um adoçante de boa qualidade, é o que eu faço em casa.

Se você está fazendo low carb, deixa na prateleira!

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Obrigada por ter lido até aqui. Aguardo seus comentários, vou adorar saber se algo nesta edição chamou sua atenção.

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Até mais!